• Cada bebê tem um tempo, mas comparamos nossos filhos com o das outras crianças do prédio, da creche e… das redes sociais.

    Em tempos de internet, ser mãe pode ser absolutamente mais fácil ou infinitamente mais difícil. A profusão de informações te faz questionar o que o pediatra disse, te faz ir a mais de um pediatra porque você entende que não será fácil, mas que encontrará um que siga a vertente que se adeque aos seus valores, em algum momento você questionará e duvidará de tudo tentando encontrar o que for melhor para o seu bebê. Talvez você recuse todas as informações e acredite que só você saiba o que é melhor para ele. Mãe tem dessas, e é verdade. 

    Cada bebê tem um tempo, cada bebê aprende a andar e falar de acordo com seu próprio desenvolvimento. Os pais estimulam, tentam roubar do tempo. Tolinhos que somos. Mas em tempos de internet, você passa a comparar o desenvolvimento do seu filho com o das outras crianças do prédio, da pracinha, da creche e… das redes sociais.

    Não sei você, mas eu sou competitiva por natureza. Compito até com a minha própria sombra porque quero sempre alcançar o meu melhor. Tendo uma personalidade dessas fica difícil não comparar a minha filha com todas as outras crianças da internet. Às vezes, tem crianças mais novas que ela que melhor se desenvolveram em determinada área. É nessas horas que bate aquele negócio que persegue toda e qualquer mãe: a culpa.

    É difícil não achar que a culpa do “atraso” no desenvolvimento do seu filho não é culpa sua. Será que eu conversei pouco com ele? Será que eu deveria ter insistido mais? Será que eu deveria ter deixado chorando mais um pouco? Ou será que deixei chorando demais? Uma infinidade de “será” nos assola. Quando essa hora chega, só há uma coisa a fazer. A coisa mais difícil. Parar e respirar. 

    A criança que você gerou é única e, assim como você, ela não é uma máquina com funcionalidades pré-definidas, comportamentos esperados. Se algo não sai como o manual, você não pode pedir a troca do produto. Ela não é um produto. Você está em constante desenvolvimento e o mundo te respeita por isso. É hora de respeitar também o seu filho. Parece óbvio, mas não é. Não force, não cobre e, principalmente, não se culpe. O desenvolvimento do seu filho ocorrerá no tempo dele e você deve estar ali para guiá-lo, mas não para controlá-lo. 

    Nessa hora você entenderá o mais difícil de ser mãe: o desenvolvimento do seu filho como pessoa é o seu desenvolvimento como mãe. Ele foi gerado dentro de você, colocado no mundo por você e é nesse momento que acaba o seu controle. Ser mãe é aceitar diariamente a separação de um pedaço de você. Cada novo passo da sua cria é em direção a liberdade. De você. É a busca da criança pela individualidade dela e esse momento de desenvolvimento rumo à independência é dela. Não é seu. Não é da “it” criança do Instagram. É o tempo dela para entender, processar e se jogar na vida. Diariamente. Esteja por perto, mas dê o tempo e espaço dela porque esse tempo também será o seu. Ou não.