Olá mommies, 

 

E, finalmente,  depois de meses de preparação para a minha volta triunfante ao mercado de trabalho, esta semana foi a vez da minha super estreia. 

Claro que ninguém desenrolou nenhum tapete vermelho para me recepcionar e eu estava mais para figurante de filme B que para atriz principal. Mas isso não vem ao caso agora, logo logo conto tudo no post "Bipolar? Não, Mãe" também conhecido como "Da euforia à depressão em 35 segundos" ou "Cry, cry, cry, cry, cry...."

 

Mas hoje vou falar de camiseta molhada. Nenhuma relação com os concursos de T-shirts brancas que rolavam nas boates dos anos 90.... Minha versão de vestuário úmido é bem menos vergonhosa e muito, muito mais ... nutritiva. Yummyyyy....  Então, aí vai um spoiler. Esta é uma crítica social e pessoal em nome de todas aquelas que já se sentiram menos poderosas graças a um pequeno derramamento... de leite.

 

Contextualização rápida: segunda-feira abandonei o tradicional uniforme Carnaval 98, fiel companheiro de amamentação, e aderi ao look social despretensioso para a minha nova vida mãe/profissional. Garimpei uma calça preta no fundo do armário e combinei com a minha camisa turquesa mais vibrante, a única que deixa minhas olheiras pálidas. Me sentindo como Anne Hathaway após a transformação em "O Diabo Veste Prada", entrei no escritório pronta para liderar a reunião de equipe e marcar de vez o meu retorno. Contextualização dentro da contextualização: eu coordeno uma equipe de três homens, solteiros que ainda não cruzaram a barreira dos 30. Continuando.... após vinte minutos de gráficos, slides e suor: vieram o silêncio e as perguntas sem respostas. Eu quebrei o gelo. "Vocês não estão entendendo o que eu estou falando?", "Eu não estou sendo clara o suficiente?", "Alguém pode me explicar o que está acontecendo?".

 

Novo silêncio. Até que... "Chefe, você está pingando". Lição do dia: quando você é nova mãe, checar vazamentos é tão importante quanto checar se você tem um espinafre entre os dentes antes de uma reunião. Segunda lição: verificar se a concha ou o absorvente estão cheios pode poupar muitas conversas constrangedoras.  Pedi uma pausa na reunião e corri como um foguete para o banheiro. Me senti novamente a Julia de 15 anos que cobria com o casaco a mancha de menstruação na calça jeans. Lavei a camisa correndo na pia e com ajuda de meio rolo de papel higiênico e do secador de mãos, comecei a desempapar as mangas, que, é claro, também molharam na minha tentativa frustrada de lavagem. Uma loira da contabilidade cruzou comigo apenas de sutiã no banheiro. Ela me olhou, riu e disse "melhor leite que café". Bingo! Lá estava a minha terceira lição do dia: absolutamente ninguém tem o direito de fazer você se sentir menor pelo conteúdo que você carrega dentro do seu sutiã GG. Nem mesmo você. 

Repassei em frente ao espelho o discurso de empoderamento feminino, amamentação e constrangimento que teria com a equipe. Era a minha homenagem à Julia adolescente. Entrei na sala e eles, claramente, estavam tão constrangidos quanto eu. E aí veio a epifania. No fundo, o vazamento de leite é como um enorme resto de espinafre entre os dentes. Mais constrangedor para quem vê e avisa, que para quem sorri. Para quê polemizar o que é normal? Vida que segue.

 

E você já passou por uma dessas saias justas no trabalho? Conte aqui pra gente.