• "Confesso que decidir nunca foi o meu forte. Mas decidir algo durante a gravidez, diga-se de passagem, é um verdadeiro martírio".

    Esta é uma coluna de ficção criada pela Capitu

     

    Decidir nunca foi o meu forte. Mas decidir durante a gravidez, diga-se de passagem, é um verdadeiro martírio. A simples pergunta: suco de caju ou de manga pode levar a dezenas de interpretações, minutos de reflexão profunda e um embaraço enorme para o garçom.

    Além das sessões semanais de yoga, me privar de escolhas simples era também uma tentativa de liberar minha mente para uma questão realmente importante: qual o nome? Finalmente, era hora de revisitar aquela velha lista de nomes do tempo em que eu ainda brincava de bonecas e ver se ainda havia algo nela que pudesse ser aproveitado. Mas para minha decepção, meus gostos mudaram. Porque esse é o lado ruim dos nomes. Eles não são apenas nomes. Eles carregam toda uma personalidade. Para o bem e para o mal. Gabriel, um dos meus favoritos da época de criança, foi completamente inutilizado após eu conhecer um homônimo extremamente arrogante. Uma pena!

     

    Apaguei também os que já foram usados por primas, amigas e parentes que engravidaram antes de mim. Ninguém merece ter cinco crianças chamadas Eduardo na festa de Natal. Um pouco de exclusividade, por favor! O que me leva a um ponto muito importante: nunca, em nenhuma hipótese, revele o nome do seu futuro filho a um namorado pelo menos até o teste de farmácia apontar as duas tirinhas. Homens têm em geral menos criatividade que nós, o que só pode significar uma coisa: no momento em que você pronunciar o nome do seu filho, isso ficará registrado em algum lugar do seu cérebro (provavelmente, na parte que ele deveria usar para se lembrar de não deixar a toalha molhada na cama). E se um dia, vocês terminarem e a próxima namorada estiver em dúvida de qual nome dar ao bebê, ele não terá dúvidas. Foi assim que perdi “Heitor”.

    O que me leva ao segundo ponto de atenção: mulheres grávidas. Com nossas mentes nocauteadas pelo estrogênio, perdemos a noção de ética e colamos, mesmo sabendo que seremos descobertas após nove meses. Tenho que admitir: ia roubar Helena de outra grávida. Felizmente para ela, eu estava esperando um menino.